Suspirou. Acendeu um cigarro.
Ela o fez viciar na droga que ele mais odiava.
Tudo isso pra não pirar.
Descontava cada palavra indigesta numa baforada diabólica.
Pro demônio meus pulmões!
Pensava alto enquanto batia o bumbo do chão em síncopes.
Ficava ainda mais emputecido por perder o beat.
Odiar amar alguém é a mais dolorosa contradição que possa existir.
Mas o amor tem dessas coisas.
Mata quantas vezes quiser.
Faz de capacho e ainda te estende a mão com uma risadinha safada.
Tipo puta em beira de estrada rodando a saia à espera do caminhoneiro.
Quase um maço de cigarro se foi.
Não há força nem pra acender a luz.
Na verdade, ele não quer se olhar pra não ver o estrago do dia.
Deixa só a fumaça esvair, a brasa da ponta alumiar o ambiente fúnebre que se tornou aquela sala...
Ele ainda vai sobreviver.