E ele achava que quando disseram que quem muito se ausenta, um dia deixa de fazer falta, falavam a verdade. Só esqueceram de lhe dizer que ela é absolutamente individual e não pode ser aprendida. A falta, quando se tem essa coisa forte introjetada sob a pele, correndo nas veias e sendo bombeada junto com o sangue pelo coração, só aumenta à medida em que é sentida. Uma long tail ao contrário, cujo pico é no final.
O cume seria voltar ao estado da graça. Estar junto. E ele sonha. Muitas vezes de olhos bem abertos e atentos, tocando o tapete mágico travestido de pensamentos e misturados com as lembranças sensoriais... ah, aquele cheiro, os cabelos que se enrolavam nos dedos e na voz doce dizendo para parar o beijo intenso. Trafego entre a admiração e dó desse rapaz.
Intenso é isso. É não ter e pensar em ter de novo. É não se conter com a distância, é amar até a última gota e força que houver, mesmo no estado do "não há por agora nada além das teimosas lembranças", da falta pura, da pura falta de sacanagem porque o amor também tem seu lado quente e sacana. Vejo-o aprender com os dias. A ter certeza de que amores não são descartáveis como prega o mundo.
Quem diz que tudo passa a ele não sabe que ele não quer que passe. O mundo pode não ser legal para os que sonham, mas que se foda o que dizem que o mundo é. Transgredir essa falácia. Esse é o objetivo dele. Não quer trocar de amor como se troca de roupa porque o amor já estava lá quando ele o reconheceu, não foi uma escolha. Torço por ele pela força e honestidade com que me relata seus dias de trapo [grifos meus para dias de saudade]. E reconheci que era verdadeiro mesmo quando ele me disse sobre a pequena troca de mensagens triviais e como elas reviraram-no por dentro. Quem o rodeava não prestou atenção na pele mais corada, no sorriso mais aberto e na respiração mais pausada, como se o tempo tivesse parado com ele ali, diante do aparelho em suas mãos. Eu vi e fui testemunha do bem que ela faz a ele, mesmo sem saber.
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