domingo, 9 de agosto de 2015

O dia em que a dor perdeu

O mundo tem sido uma grande orquestra, cujos acordes e melodias são manifestados em coisas totalmente aleatórias, vibrações sonoras naturais ou remixadas. E cada nota me lembra você. Alguma coisa que instigue minha memória traiçoeira, forte e teimosa. Um riso frouxo dentro do ônibus, a moça que ajeita o cabelo da mesma maneira que você - retirando-o da frente dos lábios quando nos beijávamos doce ou vorazmente, os raios de sol que entram pela janela como os que cintilavam e douravam sua pele nos ares do deserto. E quem diria que hoje eu estaria secando como aquelas areias e montanhas.

As melodias que me trazem à tona seu rosto tocam fundo minha alma. Dia após dia. Em silêncio, me devoro inteiro, consumido pela vontade de te procurar e te dizer tudo o que você já sabe. Tenho medo de errar, de dar um passo em falso e acabar com toda a possibilidade futura que eu nem sei se existe. Sina de quem sonha é, nos momentos de pés no chão, achar que pode não dar certo. Quero tocar todas as melodias lindas e doces. Seria indescritível se você sentisse o mesmo que eu sinto quando ouço as canções que me levam até você, o mundo que me leva até você. O eu que me conecta a você.

Concerto que não acaba, parece que as páginas do livro do maestro estão em loop e seus gestos se alternam entre reger a orquestra e me dar empurrões para frente. É como se dissesse ao meu ouvido que posso seguir tranquilo e confiante, que há páginas boas para frente e que estamos em uma pequena pausa para um momento dramático. Apenas uma vez e suas canções me fizeram chegar até aqui porque o amor é maior que tudo, inclusive a dor.

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