quarta-feira, 25 de maio de 2016

Quarta-feira tem mais

Chegou em casa cansado do trabalho e começou a colocar as coisas no lugar. Haviam caixas espalhadas pelo quarto. Seus pertences ainda guardados da recente mudança faziam da travessia no cômodo um jogo tetris. Na difícil arte de se concentrar em fazer apenas uma coisa, lembrou daquele sorriso que há meses o fazia visitar um certo perfil. Esse modus operandi faz qualquer coach até tremer. Em voz off, ouvia: foco. Mas queria ir lá, ver de novo. Foco na mudança. Rompimentos, términos, troca de rota, de rumo, de lar. Nem é preciso dizer que há prós e contras. Dependendo do estado de espírito, um desses lados pesa mais que o outro. Mas a vida não te dá colher de chá enquanto você sofre em posição fetal no chão do quarto novo. O frio machuca também. Tomar a decisão de romper logo com o que não faz bem é tão importante quanto detectar o que não te faz bem. E dar barrigada nessas coisas é pura besteira. A gente fica cheio de medo, do tipo "mas se eu fizer...". Mas se porra nenhuma. Faça! Porque a última coisa que você quer é continuar a se sentir mal por algo e se sentir mal por não mudar o que te faz sentir mal. Olha a bolha que a gente se mete por ser cuzão. Mas aí o doidin, depois desse devaneio todo - e ainda era jogo do Galo!, o inexplicável time do amor, resolveu tomar banho. E quando entrou no banheiro o bendito do sorriso não lhe saía da cabeça. Resolveu, então, fazer uma loucura: procurar aquele sorriso num lugar virtual em que poderia demonstrar seu interesse de maneira privada. E lá ficou quase uma hora descartando outros sorrisos. Quando quase desistiu, usou de novos subterfúgios: curtir as fotos mais interessantes. E não é que um recurso quase esquecido ao estilo dar dois toques no ombro, vulgo cutucada, notifica o ato: o descobriu, desmascarou... e retribuiu. E se descobriram durante horas depois. O que tocou a seguir foi música para os ouvidos de quem a aprecia. Não há nada concreto a não ser o sorriso daquele que voltava ao quarto novo, tirando as caixas do lugar de passagem. Dormiu feliz. E de banho tomado, alma e corpo.





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